O TEMPO PEDAGÓGICO NA ATUALIDADE

O tempo que levamos dizendo que para haver alegria na escola é preciso primeiro mudar radicalmente o mundo é o tempo que perdemos para começar a inventar e a viver a alegria”. Paulo Freire (1993, p. 10)

Para o professor, na atualidade, o tempo de sala de aula deixa de ser aquele tempo de cumprir com as obrigações, de realizar atividades que se destinam a preencher a carga horária?
Sim ou não: por quê?
Não. Sutilmente o tempo apressa as ações dos professores, o que não significa dizer que o professor seja vítima do tempo, mesmo porque o tempo é individual. É o professor quem organiza e gerencia o seu tempo pedagógico.

O tempo pedagógico na Atualidade solicita que a reflexão e planejamento do professor e da professora acompanhem a mudança da estrutura temporal. Desta forma, é preciso que: a jornada de trabalho dos professores e professoras não esteja vinculada em apenas transmitir conhecimento e controlar os alunos e alunas, devendo envolver o desenvolvimento profissional e o trabalho em equipe; haja adequação do calendário escolar conforme o contexto social, cultural e econômico do alunado; não seja ampliada a jornada escolar dos alunos e alunas desvinculados do que fazem, do que vivem, pois isto não trará a eles um aprendizado e uso do tempo útil e significativo (GÓMEZ, 2004).

O tempo envolve decisões particulares de cada profissional para atingir os objetivos esperados. É nessa perspectiva que podemos (re)organizar o tempo conforme nossa necessidade, dos educando e da escola.
O calendário escolar é de extrema importância, pois ele é um elemento constitutivo da organização do currículo escolar. É ele que mostra a quantidade de horas que os professores de cada matéria terão para usar em sala de aula, as avaliações, cursos, os feriados, as férias, períodos em que o ano se divide, os dias letivos, as atividades extracurriculares e as atividades .
 Além disso o professor necessita de tempo para conhecer melhor seus alunos, exercer sua formação continuada dentro do ambiente escolar, participar de cursos , preparar suas aulas, diários, avaliações, atividades didáticas e acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em ação.
Os estudantes também precisam de tempo para, entre outras coisas,  organizar e criar seus espaços para além da sala de aula, assim como tempo para se adaptar ao ambiente e o tempo escolar e organizar sua rotina de estudos .

A sucessão de períodos muito breves – sempre de menos de uma hora – dedicados a matérias muito diferentes entre si, sem necessidade de sequência lógica entre elas, sem atender à melhor ou à pior adequação de seu conteúdo a períodos mais longos ou mais curtos e sem prestar nenhuma atenção à cadência do interesse e do trabalho dos estudantes; em suma, a organização habitual do horário escolar ensina ao estudante que o importante não é a qualidade precisa de seu trabalho, a que o dedica, mas sua duração. A escola é o primeiro cenário em que a criança e o jovem presenciam, aceitam e sofrem a redução de seu trabalho a trabalho abstrato. (ENGUITA, 1989, p.180)

Desse modo, vários autores, como Veiga (p. 30) concordam que é necessário reformular a forma em que o tempo escolar é organizado, para alterar a qualidade do trabalho pedagógico.

FREIRE, Paulo. Prefácio à edição brasileira. In: SNYDERS, Georges. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1993. p. 9-10. GÓMEZ, Encarna Sato. Outros tempos para outra escola. Revista Pedagógica Pátio, n.30, p.47-50, maio/jul. 2004
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14a edição Papirus, 2002, pgs. 29,30.
ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989.

GÓMEZ, Encarna Sato. Outros tempos para outra escola. Revista Pedagógica Pátio, n.30, p.47-50, maio/jul. 2004

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