Ao interagir com a aula 5 de Ludicidade, busquei as brincadeiras da minha infância, onde me deparei com essa cronica, a qual achei muito apropriada para se discutir as brincadeiras do nosso tempo.
Crônica: Brincadeiras de minha infância
Atualmente as crianças brincam muito pouco. Na minha singela opinião, a modernidade tirou das crianças uma infinidade de brinquedos e brincadeiras saudáveis. Ultimamente tenho observado a ausência dos grupos de meninos e meninas que antes eram comuns em cada rua, em cada bairro. O que existe são alguns poucos que ainda resistem com a brincadeira de bola e gol mirim.
Em meu tempo de criança, a maioria das brincadeiras faziam as crianças praticar exercícios físicos sem perceber. Muitos objetos serviam para brincar e fabricar brinquedos. Lata de óleo ou leite, pneus velhos, tábuas e até meias serviram para alegrar a garotada.
Sem brinquedo algum, corríamos para chegar em determinados destinos. O mais rápido ganhava a aposta que em muitas vezes eram coisas da natureza como frutas da época que estavam a disposição da criançada na maioria dos quintais das casas.
Algumas escolas ainda conservam algumas brincadeiras e cantigas de roda e os contadores de histórias.
Quem lembra dos famosos carinhos de rolimã? Não era preciso ter dinheiro. Bastava procurar ou negociar com algum amigo para obter os rolamentos de ferro em alguma oficina mecânica da cidade. Após possuir as rodas de ferro, era a vez de ir em busca de madeira nas serralherias. Os mais experientes ajudavam os novatos na montagem do brinquedo sempre utilizando as ferramentas dos pais ou de algum conhecido. Depois de pronto, era hora de sair percorrendo as ruas sobre as rodinhas de ferro. Era uma das melhores brincadeiras daquela época. Posso até afirmar aquele arcaico brinquedo era um precursor do famoso skate.
Os inúmeros campos de futebol foram mitigados. Atualmente há uma certa quantidade de quadras poliesportivas espalhadas pelos bairros e comunidades em que para se jogar, faz-se necessário possuir ordens privadas, de escolas ou de clubes organizados.
Nos prédios escolares, poucos são os espaços destinados ao lazer das crianças. Seja através da televisão, do computador ou do celular, o que se sabe é que os eletrônicos dominam a vida das pessoas. Um avanço significativo em alguns aspectos, mas prejudicial em outros.
Você conhece alguma criança de hoje que brincou ou sabe brincar de “a gol mande” num campinho feito no chão com rabiscos de giz com jogadores formados por tampinha de remédios, de talco ou de tampa de refrigerante em que haviam figuras coladas com imagens dos seus jogadores favoritos? Que recordação, meu Deus!

Roladeira era feita com lata de leite vazia, areia, arame e cordão. Elas simulavam caminhões e até tratores. Tudo dependia da criatividade da criança.
Alguém é capaz de ver por aqui alguma criança jogando caipira, onde as apostas eram feitas com notas de carteira de cigarro? Ah, cada marca de cigarro possuía um valor diferenciado em relação às notas. Quanto mais antiga a nota, mais alto era seu valor.
Ainda esta vivo em minha mente o jogo de castanha, onde haviam as barrocas e o castelo. Bons jogadores ganhavam quilos da amêndoa do caju naquelas apostas. Conheci também excelentes jogadores de pião em nossa cidade. Caboclo de dona Raimunda Capitulina, Rogério de Miguel de Panta e meu irmão Nonato (in memóriam) faziam malabarismos e evoluções com os piões.
Em épocas de inverno, quando o tempo se preparava para chover era certo a falta de energia elétrica, principalmente no período da noite. A meninada atenta já preparava a lata de leite vazia, fazia alguns furos no fundo e fazia a alça com cordão ou arame e acendia uma vela dentro daquele protótipo. Estava pronta a lanterna. Os meninos saiam em procissão pelas ruas clareando os rostos de quem aparecia na frente da turma.
Construíamos também com a lata de leite as famosas roladeiras. Eu cheguei a possuir uma com 15 latas. Na dianteira usávamos também a lata de carne de conserva para simular o que seria um trator. A imaginação da criançada ia longe.
Tudo tinha sua época, cada brinquedo e brincadeiras em seu tempo. Pião e Fura-chão. Vixe, fui longe agora! Jogo de castanha e jogo de bila aconteciam sempre em época de inverno.
Já disse várias vezes aos meus filhos que eles não têm infância. Eles me perguntam por que eu digo isso. Logo respondo que eles não conhecem nenhum lugar onde andei e brinquei com minha turma e fomos felizes quando crianças e adolescentes. Atualmente nos deparamos com uma infância e juventude sem identidade, em que a tecnologia torna esses segmentos acomodados e sedentários.
Gostaria de ver a criançada de hoje brincando e se divertindo de modo saudável em que as interações e relações interpessoais existiam desde os primeiros anos de vida. Ao mesmo tempo aproveito para mais uma vez afirmar, sem medo de errar que me diverti muito, mas muito mesmo. Nessa mesma oportunidade eu pergunto: e você, se divertiu em sua infância? Reflita e compartilhe conosco sobre seus brinquedos e suas brincadeiras.
Paulo César de Brito
Cronista areia-branquense
-pega-pega
-esconde-esconde
-quantos passos posso dar?
-meia meia lua
-faz-de-conta (casinha, consultorio, aulinha...)
-amarelinha
-pula corda
-elastico
-roller
-3 corta
-ioio
-passa anel
- caçador
-pique cola, pique fruta, pique nome, pique animal
-estátua
-ovo choco
-quente-frio
-gata cega
Alguns que lembro...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Gabriele,
ResponderExcluirBem interessante esse poema e reflexão proposta por ele!
De que forma você acha que podemos transformar essa vivência do brincar moderno ou ensinar as crianças modernas a retomar brincadeiras antigas?
Abraço, Tutora Tais